Transeuntes

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Para além dos limites...


Xiuu…silêncio!

Quero concentrar-me! Já não consigo pensar para além das ruas e estradas, de norte e sul, de praças e becos…Mapas, plantas, números, pessoas, carros, buzinas, semáforos, velocidade! Ainda estou viva?

Xiuu…silêncio!

Paro neste instante…estou só finalmente. Dona do meu próprio espaço e consciente do pequeno tempo que ainda é meu. Quero navegar pela imaginação. Quero sentir que ainda sou a outra…O eu da navegação solar, estrelástica, de mundos inconcebíveis, de gente viva, de jardins de ar, de poeiras de luz, de fruta verde, de arco-íris brilhante, de chuva íntima, da terra molhada, de ruídos longínquos, da natureza mãe, de gaivotas esvoaçantes, de perfumes floris, de homens sãos!!!

Xiuu…silêncio!

Não me perturbem! Não me acordem deste éden, não quero regressar ao tempo do nada…Que nada tão profundo que é este, que nem dos minutos, que nem dos metros sou livre?! Larguem-me, deixem-me! Hoje quero o nada paradoxal! O nada do nada! O verdadeiro nada que está parado de tudo! O nada da mais pequena simplicidade. O nada do próprio sol, o nada da própria terra, porque até esses lutam contra o nada que não quero! Até os astros, até as plataformas me privam de tudo o que é absolutamente nada!

Xiuu…silêncio!

A fadiga tomou conta de mim, o ânimo perdeu-se num cruzar de estradas, num viver de um ponteiro. Mas não volto atrás, ainda correria o risco de o voltar a encontrar…Que ilusão traiçoeira que é esta corrente de forças que me transporta para o espaço terreno em que a minha vida é administrada? Que adormeça o sol, que se apaguem as luzes, que a electricidade regresse aos génios, que as máquinas sejam sonhos de engenhocas, que a ciência mal ultrapasse a antiguidade…

Xiuu…silêncio!

Estou quase a atingir os primórdios da vida…mais um esforço e quase que já nem sou porque não penso…mais uns milímetros e findo a consciência. E agora? O que virá antes? Seria já? Ou seria apenas a sombra de uma vontade Daquele que realmente É?

Xiuu…Sou Feliz!

11 de Janeiro de 2002

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