Transeuntes

sábado, 3 de setembro de 2011

A instantes de te perder…


Neste instante em que as palavras se desprendem
Aprisiono a razão, liberto os turbilhões, procuro um refúgio
Onde possa sentir espontaneamente,
O vácuo que se instalou em mim
Sinto as teclas de um piano interior
Que melodicamente entoa os sons de um pretérito
Que hoje reconheço imperfeito
Interrompidos por curtas e intempestivas aragens
Fugazmente importantes
Distraidamente, caí nas teias da ilusão da razão

Neste instante em que procuro encontrar
O fio do novelo que te levou até mim
E que me tornou prisioneiro de ti
Eis-me a desejar o extremo da outra ponta
Que te soltou de mim

Neste instante em que busco
O milésimo de segundo que fragmentei
Os inquebráveis nós que nos uniam
Corro velozmente o tempo
Na esperança de um outro final

Neste instante em que me defronto
Com o lugar vazio que incessantemente te deixava
Questiono a importância de todos os minutos na tua ausência
E de todos os passos que me de ti separavam

Neste instante em que me agrido
Com a culpa que me pertence
Vejo-te como aquela pessoa
Que um dia me fez sentir nos céus
Com a serenidade das suas asas

Neste instante em que me perco
Nas quase esquecidas loucuras diabólicas
Alimentadas por fantasmas
Nutridas pelos prazeres do mundo
Que agora sei falaciosos
Relembro-te com tanta genuidade

Neste instante em que me dispo
De um dia igual a tantos outros
Em que procuro um vestígio de ti
Um fio do teu cabelo
Ou apenas um resquício do teu cheiro
Sei que sacrificaria anos da minha existência
Por apenas mais um dia contigo

Neste instante em que sobrevivo
À escuridão de mais uma noite
Rezo à lua para te levar o meu amor
E às estrelas para serem o teu regaço
Agora que os meus braços
Já não te pertencem

Neste instante de horror, acordo!
Olho em volta e vejo-te
Linda, tranquila e dormindo
O sono dos inocentes
Trago-te para mim, afago cada pormenor teu
Subitamente, ei-los a desapareceram
Os meus fantasmas!
Sinto o extremo da ponta do lencól
A trazer-te até mim

Neste instante perco-me em ti
Encontro-me na imensidão
De um caos que hoje é apenas
A ordem: Amar-te!






1 Comentários:

Blogger Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Absolutamente fantástico.

3 de setembro de 2011 às 15:41  

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