Transeuntes

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

À distância d'um instante


Sinto neste instante a aproximação de um cumunolimbo,
Que segue em direcção a onde me encontro,
Um arrepio gélido percorre-me a medula
Todo o meu ser se imobiliza
Lentamente os meus músculos convergem
Confundem-se os membros, o tronco e a cabeça
Como se lutassem para proteger o coração
Oiço o adágio de Samuel Barber
E revejo a minha história de vida
Sob uma tela dinâmica imaginária
Acontecimentos passados
Palavras proferidas sem sentido
Vozes que entoam dor
Gritos de revolta
Sorrisos parcos

À distância de um instante
Quase sugada por um rodopio
De forças centrífugas
Surge-me a tua sombra
Onde estás?
Desejo profundamente
Que esta imagem não desapareça
Que permaneça eternamente
Gravada nas memórias
Do motor que teme em falecer

Sinto medo, muito medo
Que a tempestade me leve
Definitivamente de ti
E não mais possa sonhar

Já quase não consigo respirar
O oxigénio escasseia
Será a violência do vento
Ou dos remorsos?

Pudera eu reviver
Os momentos que passamos juntos
Alterar o rumo das nossas vidas
Viver corajosamente

Restar-me-ia a recordação
De um dia ter estado no teu leito
Para agora este enredo final
Não ser tão horrorosamente vazio…

Já quase não penso
Apenas sinto-te em mim…
À distância d’um instante

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial