Transeuntes

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Letras


Apenas breves momentos vão atribuindo significado às curvas, às rectas que vão desenhando as letras.
Às vezes devagar, nascem as palavras, outras vezes, à velocidade da luz correm elas formando um pensamento.
Delas são extraídas uma realidade apreendida: o valor de um sonho, de uma dúvida, de uma reflexão, de uma observação, de uma vastidão de situações possíveis à mente humana e, simultaneamente, o altruísmo de um silêncio, o refúgio de um silêncio, o desprezo do dilêncio, a ador do silêncio das palavras...
Receptores são todos aqueles que aceitam juntá-las e delas fazem danças significantes...a estes nada lhes é imposto, nem o apelo do grito, nem a sobrecarga inerente das palavras.
Quem lê, lê com a consciência de um acolhimento, de um tempo de atenção...lê porque a curiosidade teima em ser reduzida ou procura saciar a fugacidade da realidade.
As palavras...são eternas...ficam, marcam o tempo individual e, através de algumas retrospectivas levam-nos a um tempo histórico. Por elas vivem homens à procura de conhecer um interior que não foi gravado...suscitam a dúvida, remetem para conclusões e, tantas são as vezes que terminam como hipóteses! A subjectividade de quem as lê, complementa a ambiguidade de quem as escreve...E os tempos correm...resta-lhes as palavras escritas em tábuas graníticas ou em prédios de fábricas reduzidos a pó.
Basta uma dança, uma palavra, para que alegremente elas se soltem e multipliquem e, lentamente, adornem um fundo branco, colorido, negro ou cinzento, frágil ou resistente, fugaz ou duradouro...devagar, devagarinho, em fuga, fugazmente, festejam uma comemoração qualquer (ou porque não) um fúnebre apagar de olhos e de sentidos?
Ricas ou pobres, jovens ou imortais, maternas ou estrangeiras, as palvras dão significado à vida de um alguém que sem saber se um dia irá ter um leitor, tem a esperança remota que será compreendido...

29 Junho de 2002

1 Comentários:

Blogger Pedro Carvalho disse...

Como sabe o lavrador que a árvore dá bom fruto?

Espera que o tempo o amadureça...

Chegou a época da colheita!

1 de novembro de 2007 às 15:03  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial