Transeuntes

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Precipício de sonhos

Uma ténue luz desperta do meu sonho. Acordo e, num ápice vislumbro a negrura da realidade e desconheço o motivo que me faz erguer. A obrigação social exige o domínio emocional. Entre vários movimentos repetidos, fecho a porta e parto para mais um dia.

Deixo-me levar pela incerteza dos meus pés que arrastam um corpo apático. Obedeço à razão que comanda os movimentos e caminho indefinidamente…No horizonte, o sol não se revela e a fraca luz solar reflecte a escuridão do meu dia.

Pelo caminho que me conduz à labuta, relembro a nossa história e perco-me em explicações infrutíferas.

À velocidade da rotação terrestre, consumimos sonhos, experimentamos sensações ímpares, partilhamos relatos, ignoramos o tempo, desprezamos a distância, desejamos ser um só…e, à mesma velocidade, fortalecemos a dúvida, consolidamos a extensão que nos separa, firmamos a importância dos grandes actos, esquecemos a grandeza dos pequenos detalhes, relativizamos os desafios, enfraquecemos os laços.

Jamais conhecera o poder sombrio da ausência, o pesar da saudade crescente, a angústia do silêncio…

Acreditei que a vontade de vencer os obstáculos bastaria para colmatar os quilómetros, dilatar a escassez do tempo, percorrer labirintos profissionais, criar laços afectivos com um novo mundo.

Tantas vezes, perante o desânimo me agarrei à força da esperança de um novo amanhã. E agora?

Neste instante, que faço das palavras história, reconforta-me a profundidade melódica que me faz acreditar que outros sobreviveram ao precipício dos seus sonhos.

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