Transeuntes

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ponto(s) de Fuga

Regida por linhas rectas, por vezes, completamente monótonas,
Outras vezes, marcada por curvas e contracurvas perigosas,
A vida pode ser abençoada por um ponto de fuga
Que nos obriga a percorrer qualquer acidente de percurso,
Que nos encoraja a criar alternativas de jornada quando o sol está escondido

As batalhas vestem-se de medos e de horizontes nebulosos,
Exigem o desbravamento de terrenos incógnitos,
Intimidam com experiências nunca antes vividas,
Apavoram o caminhante em momentos de adrenalina…

Todavia, acreditar na sorte é esquecer a origem do universo,
O bafejo de um sopro divino murmura:
Até onde é capaz de ir a vontade de um coração?

Os anjos organizam banquetes, ordenam as mesas,
Adornam as nuvens, espetam-lhes flores de todas as cores,
Convidam as aves para ser sopranas,
Ordenam ao vento a suavidade de um discurso,
Cozinham sabores de todas as sementes,
Espreitam as adversidades, rezam pela harmonia

Os santos, aquelas almas sem rosto reconhecido,
Vagueiam entre horas de um dia,
Rodopiam movimentos rotineiros,
Repetem artes e ofícios,
Levam o pão do suor às mesas
Dando às suas crias o milho da vitória

As pedras vivas da Igreja travam lutas,
Relembram a rigidez de outrora
Enfrentando, agora, a elasticidade
De percursos sem destino
Gritam pela fortaleza de um núcleo

Os velhos do Restelo contestam um presente
Que caminha para um abismo sem luz
Ignoram ciclos, protestam a vida
Choram sem saber as alegrias

A todos uma alma, a todos um papel nesta batalha.