Transeuntes

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Liberdade Condicional


De olhares a risos
De risos a conversas
De conversas a pensamentos
De pensamentos a partilhas
De partilhas a cumplicidades
De cumplicidades a toques
De toques ao desejo
Do desejo à Paixão
Da paixão ao amor
Do amor à ilusão
Da ilusão à escravidão
Que estranha forma de vida é esta
Que nos vendem o amor
Como a maior de todas as ilusões
Para se transformar
Na pior das escravidões?

O laço mágico
Tido como inquebrável
Descuida a força do nó
Ignora os perigos alheios
Busca as ânsias pessoais
Descaracteriza o seu eu mais próximo
Negligencia as suas vontades
Enfraquece a união
E sem querer…o nó
Torna-se numa teia
De enredos imprevisíveis
Onde predomina o vazio

Esgotam-se as palavras
Reinam os silêncios
Para que a paz prevaleça
Abdica-se do ser
Para parecer
Que a promessa de felicidade
É nascente dos dias
E poente das noites

Que cultura de amor é esta
Que troca os sentimentos
De conquista surpreendente
Por um amor adquirido
De compreensão
Por momentos constantes de gritaria
De persuasão
Por tempos indefinidos de revelia?

Em tempos de guerra
Todas as armas são válidas
Crianças são escudos
Quando as balas já mataram
O amor prometido
A chantagem lidera as emoções
A teia montada
Escraviza o coração mais sensato

É tempo de enormes confrontos
Entre as convicções de vida
E a amargura da constatação
O desenlace de duas partes
Prometidas eternamente como uma

Saberá a velha geração
Sobrevivente a intempéries
Humanamente capaz de sofrer
Para perpetuar laços
Apontar um novo caminho
À geração descrente de amor?

Existirá ponto de retorno
Quando o “eu” já não é
Substituído por um “eu” sem essência
Desgarrado da espontaneidade
Ou meramente 
Uma liberdade condicional
Transformada em independência
Tristemente perdedora?

Queira Deus
Que a magia de um primeiro olhar
Tenha a capacidade de despertar
O fascínio do outro que ficou por descobrir...