Transeuntes

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Missão


Finda uma nova jornada,
Erguem-se os passos de um transeunte
Descomprimem os músculos de um corpo
Sentindo o trespasse de uma brisa de encosta
Ansiosa por repousar num qualquer vale
Disposto a acolher o arrefecimento do crepúsculo

Ternos arrepios de folhas
Envoltos num remoinho sem passagem
Confundem-se com o movimento nostálgico
De um neurónio estrangulado por uma sinapse
Que teima em voltar a nascer

Lusco-fusco tardio vespertino
Que transporta os sonhos ao horizonte
Encerra teclados taciturnos
Inaugura um imaginário além fronteiras

Esplêndidas paletas de cor
Pintam a atmosfera de um Este
Energia reflectida que desenha
Contornos sem realidade
Preenchidos por infinitos anseios

Rasgos de magia que seduzem
Observadores atentos
Contemplação que inspira
A descoberta de uma vocação

Teimosa vontade que persegue a própria sombra
Apelando para que o dia não nasça ainda
Falta ainda cumprir o fado
Da luz de um olhar
Que renasce no dia
Em que se escuta o cântico
Da revelação

Até lá
Repousa o pó que tem vida
Na esperança
Que a aurora matinal
Desperte a essência
Da promessa de uma missão