Transeuntes

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Seiva Lusitana

O tortuoso estreito de confronto entre 2 mares,
Navegado ousadamente por um Magalhães da história de um país
É hoje erodido pelo entorpecimento da história
Que atende às memórias de uma revolução de expressão
Mas que ignora a atitude mais arrojada da sua pátria
De um tempo em que a paixão pelo mundo servia de mote à aventura
Em que famílias, romances, amizades audaciosamente sobreviviam
Tempos em que a bonança trazia a tinta das penas e as tempestades a notícia do adeus
Nas veias de corpos famintos e sofridos corria seiva de fertilidade
Irrigada pela crença de um além desconhecido mas abundante
Protegida por um tecto de nuvens divino
Alimentada pelos recursos da sua obra
Saciada pelas águas rebeldes das margens distantes do seu pedaço de terra
Terá, hoje, esta linfa lusitana perdido as virtudes da sua substância?
Que incompreendida metamorfose ocorreu desde um qualquer dia de Abril?
Conterá a ilusão contestatária e conformista das Rosas envenenado as qualidades de um povo?
Da glória de um homem, símbolo da luta de um povo, restam os vestígios de um nome…
Diante de léguas de mares, os antepassados portucalenses face à fome de peixe aprendiam a nadar
Nos tempos modernos, curtas braçadas num lago exigem um sistema de vigilância permanente
Pés descalços, corpos esfaimados e fragilizados pela doença construíram cobiçadas muralhas e conquistaram verdadeiros impérios
Em pleno século XXI, autênticos palacetes não enobrecem os recursos humanos, tecnológicos e científicos à disposição de uma possível criação destemida
Braços vermelhos eloquentes de ociosidade aprenderam a facilidade do protesto, conheceram o comodismo dos direitos e esqueceram a importância da obrigação!
Onde reina, hoje, o legado de foices e de barcos que enalteciam a bravura das gentes de Portugal?
Impossível era a palavra morte, difícil a palavra sobrevivência mas que como convivia com a palavra esforço, vencia o significado da palavra medo. Fácil era somente a expansão da moléstia!
Nesta “terceira” geração de portugueses, entre gritos de protesto herdados e de cantigas de crise escutam-se, sobretudo, vozes de silêncio…
Será que o “umbiguismo” calou a coragem e enalteceu a indiferença pelo mundo?
Valha-nos a sabedoria de tesouros livrescos poeirentos da nossa história, arrumados em prateleiras onde qualquer dia guardaremos os “Magalhães”, para desfazer o feitiço de uma bela rosa envenenada…e purificar a genuína seiva lusitana!